O movimento de turistas argentinos na fronteira entre Dionísio Cerqueira (Brasil) e Bernardo de Irigoyen (Argentina) já soma 130 mil atendimentos migratórios somente em 2025, de acordo com dados da Polícia Federal. O levantamento, obtido pelo Sistema Fronteira de Comunicação, aponta que o fluxo de entradas e saídas já é significativamente maior que no mesmo período do ano passado.
O relatório da Polícia Federal mostra que, entre 1º e 31 de janeiro, foram registrados 49.526 atendimentos migratórios, sendo 28.511 entradas e 21.015 saídas de cidadãos argentinos pelo posto de controle em Dionísio Cerqueira.
A movimentação cresceu ainda mais na primeira quinzena de fevereiro, quando foram registrados 80.000 atendimentos, dos quais 45 mil foram entradas e 35 mil saídas.
Para efeito de comparação, no mesmo período de 2024, a primeira quinzena de janeiro registrou apenas 34 mil atendimentos migratórios (somando entradas e saídas), evidenciando um aumento significativo em 2025.
O crescimento no número de argentinos cruzando a fronteira tem relação direta com a situação econômica da Argentina. Com a crise e a forte desvalorização do peso argentino, muitos turistas passaram a buscar o Brasil como destino, tanto para férias quanto para compras.
A valorização do real frente ao peso e a cotação do dólar na faixa de R$ 6,00 tornam os produtos brasileiros mais acessíveis do que os disponíveis na própria Argentina, incentivando o consumo no comércio brasileiro.
Outro fator que tem facilitado esse fluxo migratório é a popularização do PIX, que se tornou um meio de pagamento amplamente aceito no Brasil. A praticidade do sistema permite que argentinos façam reservas em hotéis, comprem produtos e realizem transações de forma instantânea, sem a necessidade de cartão de crédito ou câmbio prévio.
O aumento na circulação de argentinos não está restrito apenas a Dionísio Cerqueira. A maioria dos turistas que entram no Brasil pela fronteira segue viagem rumo ao litoral catarinense, especialmente para Balneário Camboriú e Florianópolis.
Segundo dados da Fecomércio, 22% dos turistas em Florianópolis neste ano são argentinos. O comércio local tem sentido esse impacto, principalmente lojas de departamento, restaurantes e supermercados.
A Decathlon, loja de artigos esportivos na rodovia SC-401, registrou que 90% de seus clientes neste verão são turistas da Argentina. A unidade tem recebido até 5 mil clientes por dia, que buscam equipamentos para esportes aquáticos, camping e trilhas.
Outro ponto de grande movimentação é a Havan em Canasvieiras, no norte da ilha, onde os turistas procuram eletrodomésticos, como fritadeiras, liquidificadores e televisores, aproveitando preços mais acessíveis do que na Argentina.
O aumento expressivo no fluxo migratório representa desafios logísticos e de infraestrutura na região de fronteira. A Polícia Federal reforçou sua equipe para garantir maior agilidade nos atendimentos e evitar congestionamentos no posto migratório de Dionísio Cerqueira.
A expectativa é que esse movimento continue crescendo ao longo de 2025, impulsionado pelo câmbio favorável e pelo interesse dos argentinos em visitar o Brasil, seja para turismo ou compras.
O Sistema Fronteira de Comunicação seguirá acompanhando a movimentação na fronteira e os impactos desse fenômeno no comércio e no turismo brasileiro