Argentina reforça segurança na fronteira com Dionísio Cerqueira e Barracão, mas descarta muro por enquanto
A ação, denominada Plano Guacurarí, tem como principal objetivo desarticular redes criminosas transnacionais, incluindo narcotráfico, contrabando de pessoas e lavagem de dinheiro.
Por: Alisson Júnior
27 de maio de 2025
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O governo argentino iniciou nesta segunda-feira (26) uma operação de controle e vigilância na fronteira com o Brasil, com foco especial no trecho entre Bernardo de Irigoyen (Misiones) e as cidades de Dionísio Cerqueira (SC) e Barracão (PR).

A ação, denominada Plano Guacurarí, tem como principal objetivo desarticular redes criminosas transnacionais, incluindo narcotráfico, contrabando de pessoas e lavagem de dinheiro.

A operação, liderada pela ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, terá duração inicial de 180 dias, podendo ser prorrogada automaticamente. Ela ocorre em uma das fronteiras secas mais vulneráveis e estratégicas do país, sem barreiras naturais e com forte presença de mata densa — característica usada tanto por grupos criminosos quanto agora pelas forças de segurança para operações táticas.

Por meio de uma resolução publicada no Diário Oficial argentino, o governo criou um Comando Unificado Guacurarí, responsável por coordenar as ações na região de fronteira.

Esse comando inclui integrantes da Polícia Federal Argentina, Gendarmaria Nacional, Prefeitura Naval, Polícia Aeroportuária, Serviço Penitenciário Federal e membros do Ministério Público da Nação e da província de Misiones.

A Gendarmaria Nacional assumirá a liderança operacional, realizando patrulhamento motorizado, vigilância com drones, controle de pedestres e operações surpresa, especialmente nos dias de maior fluxo entre os países.  A área de cobertura será de 25 quilômetros lineares ao longo da fronteira.

A atuação será dividida em quatro fases: planejamento, implantação, execução e avaliação. A integração com autoridades brasileiras, como a Polícia Federal de Santa Catarina e do Paraná, também foi destacada como parte essencial do plano.

O governo argentino classificou a região como crítica, mencionando a atuação de gangues locais e organizações criminosas brasileiras, com destaque para o PCC (Primeiro Comando da Capital).

O jornal La Nación apontou que o objetivo da força-tarefa é retomar o controle territorial, após anos de abandono e avanço do crime transfronteiriço. Em 2023, foram registrados ao menos sete assassinatos por encomenda com ligação direta ao narcotráfico e outras redes criminosas na região.

Apesar de ter anunciado em janeiro a instalação de cercas na fronteira com a Bolívia, Bullrich afirmou que não há previsão imediata para alambrados entre Argentina e Brasil, mas não descartou a possibilidade. “Se necessário, construiremos”, disse a ministra à Rádio Mitre. O tema ganhou atenção após a informação de que envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 no Brasil fugiram irregularmente para a Argentina.

 

Fonte: Redação Rádio Fronteira
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