Lula nega erro em decreto do IOF, e diz que medida veio “num afã” de Haddad
Presidente afirmou que não vê falha técnica no decreto do IOF, mas admitiu que medidas econômicas devem ser discutidas com aliados antes de anunciadas.
Por: Luan Peretti
04 de junho de 2025
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Foto: Estadão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (3) que não considera um erro o anúncio do decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas reconheceu que faltou diálogo prévio com lideranças do Congresso. Em coletiva à imprensa em Brasília, Lula disse que a medida foi lançada num momento político e sem tempo hábil para consulta aos aliados, o que gerou desgaste que poderia ter sido evitado.

“O que a Fazenda fez foi trabalhar. Era uma sexta-feira, eles queriam anunciar rápido para dar tranquilidade à sociedade. Eu não acho que isso tenha sido um erro”, declarou. “Mas toda vez que a gente toma uma atitude sem conversar com quem vai defender a proposta, a gente pode cometer erros.”

O presidente ainda defendeu o ministro Fernando Haddad, dizendo que ele apresentou a proposta do IOF após ao Congresso demorar em votar as medidas compensação da desoneração da folha.

“O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na fazenda. Ora, se houve uma reação de que tem outras possibilidades, nós estamos discutindo essas outras possibilidades”.

Lula ainda destacou que, em nenhum momento, houve resistência do titular da Fazenda em revisar a proposta. “Apareceu ideia melhor? Vamos discutir. É isso que a gente tem que fazer”, afirmou.

A declaração ocorre horas antes de uma reunião marcada com Haddad e os líderes do Congresso para discutir o pacote de medidas fiscais estruturais que o governo deve apresentar ainda hoje como alternativa à manutenção do decreto do IOF, que enfrenta forte resistência no Congresso. O plano deve incluir uma PEC, um projeto de lei e uma medida provisória, segundo antecipou o próprio ministro.

Na coletiva, Lula também reiterou que a condução da política econômica precisa ser feita com responsabilidade e sem improvisos. “Em economia não tem mágica. E quem pensa que tem mágica quebra a cara”, disse, repetindo a metáfora que utilizou no início do primeiro mandato: “Não se dá cavalo de pau em um transatlântico do tamanho do Brasil.”

O decreto do IOF, editado em 22 de maio, aumentou alíquotas sobre operações com cartões internacionais, compra de moeda em espécie e crédito. A medida foi parcialmente revertida após críticas do mercado, mas ainda está em vigor e é alvo de mais de 20 projetos de decreto legislativo (PDLs). O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu prazo até esta semana para o governo apresentar alternativas. Se não houver acordo, os PDLs devem ser pautados.

Fonte: Infomoney
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