Os preços ao consumidor na Argentina continuaram a subir em setembro e se aproximam da dramática porcentagem de três dígitos até o fim deste ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
A inflação avançou 6,2% em setembro em relação a agosto, o que mostra uma tímida desaceleração em relação às taxas mensais de 7,4% e 7% registradas no sétimo e oitavo meses do ano.
Mas, considerando períodos de 12 meses, o índice de preços ao consumidor (IPC) subiu em setembro para 83%, o que representa um aumento de 4,5 pontos percentuais em relação à variação medida em agosto.
Este foi o maior aumento interanual desde dezembro de 1991, quando a Argentina tentava deixar para trás a hiperinflação que sofreu entre 1989 e 1990.
De acordo com estatísticas oficiais, nos primeiros nove meses de 2022 a Argentina acumulou uma inflação de 66,1%, com um notável aumento do índice de preços dos alimentos, que entre janeiro e setembro foi de 69,5%.
Além de ter um impacto nos níveis de pobreza e no poder de compra das famílias, o aumento da inflação está reacendendo gradualmente o conflito social, como aconteceu no fim do mês passado na disputa entre o sindicato dos trabalhadores de pneus e os empregadores.
Previsões para 2023
Os dados da inflação dos últimos meses pulverizaram todas as previsões do governo argentino, que relaciona a aceleração do IPC ao aumento dos preços internacionais de energia e alimentos no primeiro semestre, bem como aos "aumentos exagerados" nas cadeias de formação de preços.
"Acreditamos que em alguns produtos existem oligopólios, e, portanto, temos que trabalhar para que esses oligopólios não fiquem com uma formação de preços que dê às empresas uma rentabilidade excessiva", disse a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (13).
Nesse contexto, o governo espera que a inflação feche o ano em 95% e caia para 60% em 2023, como consta no projeto de lei de orçamento de 2023 enviado pelo governo ao Parlamento no mês passado.
O ministro da Economia, Sergio Massa, explicou aos parlamentares que essa proposta é "prudente e realista" e que o governo buscará uma "desaceleração da inflação" com base na ordem fiscal, um aumento das exportações e um aumento da taxa de investimento no país.
Entretanto, as previsões privadas são menos otimistas: o último relatório de expectativas de mercado elaborado mensalmente pelo Banco Central estimou a inflação em 90,5% para 2023 e 66,8% para 2024.