A Polícia Federal diz que o incêndio que destruiu 25 mil hectares de áreas de preservação ambiental no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, não foi acidental. A suspeita é que o fogo tenha sido utilizado para remover a vegetação natural com o objetivo de transformar a área em pastagem para gado.
Na manhã desta segunda-feira, dia 14, a PF iniciou a Operação Mataá em busca dos responsáveis pelas queimadas nestes 25 mil hectares, que ficam em áreas de preservação permanente (APPs) e na serra do Amolar.
O delegado Alan Givigi, que coordena a operação, diz que imagens de satélite analisadas pela PF indicaram onde começou o fogo.
"As investigações indicam que o fogo tenha sido colocado para depois transformar em pastagem. Você extrai a mata nativa, e aí fica a pastagem para o gado", disse.
A 1ª Vara Federal de Corumbá expediu dez mandados de busca e apreensão. Segundo a PF, oito mandados foram para Corumbá, sendo dois na área urbana, onde um produtor rural foi levado para prestar depoimento. Outros seis foram cumpridos na zona rural do município.
A investigação foi feita com base em perícia nas áreas afetadas e oitivas dos envolvidos. A PF não deu detalhes sobre como chegou aos responsáveis e nem divulgou quem são eles. Não há mandados de prisão expedidos, porém, podem ocorrer prisões em flagrante nos locais onde estão sendo feitas as buscas e apreensões.
Para chegar aos endereços dos alvos, os policiais estão usando até barco. Alguns dos procurados estão em áreas de difícil acesso. Conforme a PF, os suspeitos de colocar fogo na região poderão responder pelos crimes de dano à floresta de preservação permanente, dano direto e indireto a unidades de conservação, incêndio e poluição (Art. 54, da Lei no 9.605/98), cujas penas somadas podem ultrapassar 15 anos de prisão.
A operação foi denominada Mataá, que significa fogo no idioma guató, em referência aos índios pantaneiros Guatós que vivem nas proximidades das áreas atingidas.