O uso excessivo do aparelho celular ao longo do dia prejudica a capacidade de criação das pessoas. A conclusão é de um estudo inédito conduzido por pesquisadores chineses.
As descobertas descritas pelos autores como "sem precedentes" ocorreram por meio de neuroimagens do cérebro de dezenas de voluntários. Elas mostraram "o impacto negativo do vício em smartphones na cognição criativa".
Os pesquisadores recrutaram 48 estudantes entre 18 e 25 anos. Todos foram submetidos a um teste chamado Escala de Vício em Smartphone, que pontuava o grau de dependência de cada um.
Deste total, 24 apresentaram alto nível de vício. A outra metade teve pontuações baixas. Este último grupo foi usado como base de comparação no teste seguinte.
Os cientistas, então, aplicaram um novo exame nos participantes que consistia em apresentar um objeto de uso cotidiano e estabelecer 30 segundos para que eles nomeassem o maior número possível de usos para aquilo. Todos deveriam memorizar as listas e depois tentar repeti-las.
Em uma segunda fase do estudo, os pesquisadores usaram neuroimagens para ver a atividade cerebral dos participantes enquanto eles faziam o exercício.
Ao analisar os dados, identificou-se que os voluntários do grupo que teve alta pontuação de vício em smartphone apresentaram um desempenho menor em todos os critérios estabelecidos quando comparados aos com baixa dependência.
Os critérios eram fluência, flexibilidade e originalidade. A imagem mostrou que o córtex pré-frontal e as áreas temporais do cérebro não eram tão ativas naqueles viciados em smartphone.
"Em particular, ao manipular as restrições semânticas, descobrimos que os indivíduos SAT [com tendência ao vício em smartphones] exibiram ativações corticais reduzidas e conectividades funcionais no CPF [córtex pré-frontal] e no córtex temporal, dificultando a superação das restrições semânticas e o estabelecimento de associações originais durante a geração de ideias criativas. Essa descoberta tem implicações positivas para revelar os efeitos deletérios do vício em smartphones nas habilidades cognitivas avançadas dos indivíduos", descrevem os autores.
O artigo foi publicado na revista científica Social Cognitive and Affective Neuroscience, da Oxford Academic.