O Governo do Rio Grande do Sul informou na manhã deste domingo (10) que subiu para 43 o número de mortos em meio aos estragos causados pela passagem de um ciclone na região do Vale do Rio Taquari. Mais de 15 mil pessoas seguem fora de casa devido às fortes chuvas.
Em boletim divulgado às 07h da manhã, uma nova morte foi confirmada no município de Cruzeiro do Sul (RS), que já totaliza cinco vítimas da enchente. A cidade com o maior número de vítimas é Muçum (RS), na mesma região, com 16 mortes confirmadas.
Em Roca Sales, cidade vizinha, 10 pessoas perderam a vida durante as cheias. Outras oito cidades gaúchas também confirmaram mortes em virtude da tragédia e mais de 15 mil pessoas estão fora de casa, sendo 3.798 desabrigados e outros 11.642 desalojados.
Dezenas de municípios do Rio Grande do Sul decretaram estado de calamidade pública e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) cumpre agenda no Estado no decorrer deste domingo (10), visitando as regiões atingidas.
Comunidades afetadas pelo ciclone começam a enterrar vítimas
A calamidade que teve início na última semana afetou cerca de 150 mil pessoas. Enquanto algus moradores continuavam descobrindo a extensão dos estragos causados pelo fenômeno climático, no cemitério do município gaúcho de Muçum (RS), parentes carregavam caixões em meio ao barro e poças deixadas pela tempestade.
Em entrevista à AFP (Agence France-Presse), parceira do ND+, o policial Fabiano Bolnr, de 48 anos, disse que perdeu a tia, tio e o primo. Ele disse que o primo havia escapado, mas voltou para tentar salvar seus pais. Os três foram enterrados neste sábado (9).
“Eles já tinham passado várias enchentes, inclusive tinham se mudado de casa, buscaram uma casa num local um pouco mais alto, mas infelizmente as águas voltaram e desta vez levaram eles”, revelou à AFP.
Com 16 mortos, Muçum foi o município mais atingido pelas inundações e deslizamentos de terra causados em meio a um dos piores desastres naturais do Rio Grande do Sul.
Parentes de nove dos mortos tiveram que viajar para a cidade vizinha de Vespasiano Corrêa para dar o último adeus, em uma cerimônia emocionante no ginásio da cidade.
“Eu achava que o pior dia já tinha passado, mas acho que este é o pior momento, realmente, que é o momento de despedida, e de despedida coletiva”, disse o prefeito de Muçum, Mateus Trojan, à AFP.
Papa envia preces às vítimas do ciclone
No bairro de Fátima, em Muçum, pilhas de tijolos vermelhos ou madeira são testemunhas das casas que uma vez estiveram lá. O acesso à cidade ficou prejudicado, enquanto as autoridades continuavam as operações de busca. Das 46 pessoas ainda desaparecidas, 30 são de Muçum.
O papa Francisco expressou sua solidariedade com as comunidades afetadas em um telegrama em português da Secretaria de Estado do Vaticano.
O pontífice “oferece sufrágios pelo eterno descanso das vítimas fatais, bem como das preces que eleva ao altíssimo pelas famílias desabrigadas, desejando que a reconstrução das localidades atingidas ocorra de maneira rápida e eficaz”.
Na Índia para a cúpula do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relacionou a tragédia no Rio Grande do Sul com a “emergência climática sem precedentes” que o planeta está enfrentando.
O ciclone, que afetou cerca de 150 mil pessoas em 88 municípios no Rio Grande do Sul, causou danos econômicos de mais de R$ 1,3 bilhão, segundo a Confederação Nacional de Municípios.
Governo divulga chave Pix para arrecadar doações às vítimas
O governo gaúcho divulgou no sábado (09) que criou uma chave pix para receber doações em dinheiro e destinar às vítimas das enchentes no Estado. Para quem quiser ajudar, a chave é o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) 92.958.800/0001-38.
Quando as pessoas realizarem a operação, é necessário confirmar que o nome da conta é o SOS Rio Grande do Sul e que o banco é o Banrisul. Os valores serão geridos pelo Estado em parceria com entidades de assistência social e ajuda humanitária.