Nos últimos seis meses, 15 tornados foram registrados em Santa Catarina, segundo dados da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil. Do total, 11 ocorreram no Grande Oeste, dois no Planalto Norte, um no Planalto Serrano e um na Grande Florianópolis. Apenas na última sexta-feira, três municípios — Dionísio Cerqueira, Faxinal dos Guedes e Xancherê — foram atingidos simultaneamente por fortes tornados, que causaram destruição e deixaram um rastro de prejuízos.
A meteorologista da Defesa Civil estadual, Francine Saco, explica que a localização geográfica de Santa Catarina torna o Estado particularmente vulnerável à formação desse tipo de fenômeno.
“A gente tem um encontro de ar quente vindo do centro do país com massas de ar frio vindas da Argentina, que chegam aqui ainda muito frias. É nessa zona de encontro que se formam as frentes frias e os ciclones. Essa região do Sul do Brasil — especialmente o noroeste do Rio Grande do Sul, o Oeste de Santa Catarina, o Oeste do Paraná e o Mato Grosso do Sul — forma o segundo corredor de tornados do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os períodos de outono e primavera são os mais favoráveis, quando há maior número de ocorrências”, destacou.
Ventos acima de 200 km/h e destruição generalizada
Os tornados que atingiram o território catarinense nos últimos meses tiveram ventos que ultrapassaram os 200 km/h, conforme estimativas da Defesa Civil. Já o tornado que devastou o município paranaense de Rio Bonito do Iguaçu, também na última semana, teria alcançado cerca de 330 km/h, segundo medições preliminares.
De acordo com Francine Saco, os fenômenos registrados em Santa Catarina foram classificados entre F0 e F2 na escala Fujita, que mede a intensidade dos tornados.
“O tornado de Rio Bonito do Iguaçu foi classificado como F4, numa escala que vai até F5. Em Santa Catarina, tivemos dois tornados de intensidade F2 e um entre F0 e F1. Os de categoria F2 têm ventos acima de 200 km/h, capazes de tombar caminhões e arrancar árvores de grande porte. A velocidade é estimada com base no tipo e na extensão dos danos causados”, explicou a meteorologista.
A Defesa Civil informou que alertas de tempestades severas foram emitidos três dias antes das ocorrências, mas a previsão específica de tornados ainda é um desafio técnico, mesmo em países com tecnologia avançada.
“Até os Estados Unidos, que têm uma rede extensa de radares e são muito mais atingidos, conseguem prever um tornado apenas 10 a 15 minutos antes de ele se formar. A nuvem que dá origem ao fenômeno tem um tempo de vida de 45 minutos a uma hora, e o tornado surge em poucos segundos. O caso do Paraná, por exemplo, durou menos de um minuto e causou toda aquela destruição”, explicou Francine.
“Por isso, quando emitimos alertas para tempestades severas, já consideramos a possibilidade de ocorrência de tornados dentro dessas formações.”
Região Sul é a mais afetada do país
De acordo com dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, as tempestades que atingiram a Região Sul nas últimas semanas deixaram 835 pessoas feridas e quase 18 mil afetadas diretamente pelos temporais. Sete mortes foram confirmadas no Paraná.
Com a sucessão de eventos climáticos extremos, a Defesa Civil reforça a importância de a população acompanhar os alertas oficiais, buscar abrigo seguro durante tempestades e evitar áreas abertas ou próximas a estruturas metálicas quando há previsão de ventos fortes e granizo.