Caminhoneiros de toda parte do país planejam iniciar, nesta quinta-feira (04), uma paralisação nacional com reivindicações trabalhistas, regulatórias e estruturais para o setor de transporte rodoviário de cargas.
Apesar da intensa mobilização nas redes sociais, o movimento já nasce marcado pela divisão entre associações e cooperativas, colocando em dúvida a dimensão da adesão. Nem o próprio Zé Trovão (PL-SC), deputado federal que ficou conhecido nacionalmente por ser porta-voz dos caminhoneiros, defende a mobilização.
Segundo lideranças ouvidas pela agência O Movimento, a paralisação não tem caráter político-partidário — embora tenha recebido apoio público de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — e busca pressionar o governo federal por melhores condições de trabalho.
O caminhoneiro e influenciador Daniel Souza, articulador da greve de 2018, afirma que a categoria vive uma “realidade precária”, com baixa remuneração e falta de segurança nas estradas.
Outro líder nacional de 2018, conhecido como Junior, do Sindicam de Ourinhos, também aderiu à divulgação do ato.
Expectativa é de adesão baixa
Francisco Burgardt, representante do Sindicam de Ourinhos e organizador do ato, informou que o movimento foi comunicado ao governo por meio de ofício entregue ao Palácio do Planalto. Ele espera uma paralisação gradual, com início em cerca de 40 pontos do país.
Ainda assim, representantes do setor avaliam que a falta de consenso deve resultar em adesão limitada, apesar do forte engajamento nas redes.
O deputado federal Zé Trovão, um dos principais nomes da categoria no Congresso, repudiou a greve. Em vídeo divulgado nessa quarta-feira (3/12), afirmou que o movimento não resolve as demandas estruturais do transporte:
“Querem fazer? Façam. Se der certo, ótimo, mas eu não vou apoiar.”
A possibilidade de um novo colapso logístico preocupa parte da população, entretanto, até o momento, não há indícios de que o ato se aproxime da paralisação de 2018. Naquele ano, caminhoneiros pararam por 10 dias contra os sucessivos reajustes do diesel, causando desabastecimento de combustíveis e alimentos em todo o país. O movimento só terminou após o governo Michel Temer aceitar negociar parte das exigências.