Uma mulher foi encontrada morta dentro do apartamento em que vivia com a família, no bairro São Domingos, na zona norte de São Paulo, no último domingo, dia 31. Segundo a PM (Polícia Militar), Leonardo Souza Ceschini confessou ter assassinado a esposa Érica Fernandes Ceschini, após uma discussão sobre futebol.
Ela era palmeirense, e ele, corintiano. O crime teria ocorrido após o casal chegar em casa depois de uma comemoração pelo título alviverde na Libertadores da América. Enquanto participavam da comemoração, Leonardo e Érica deixaram os filhos gêmeos, de dois anos, com os primos dela no apartamento. Depois que o casal chegou, os meninos ficaram dormindo no quarto, e os parentes foram embora.
Horas depois, a mulher foi encontrada morta sobre uma poça de sangue. Segundo a polícia, a vítima, que trabalhava no ramo de produtos médicos e hospitalares, parecia ter "lesões nas pernas e costas, aparentemente por instrumento cortante, sendo que havia uma faca próxima a ela". Os gêmeos, até a noite desta terça, não sabiam do assassinato da mãe.
Três versões do crime
O boletim de ocorrência, ao qual o UOL teve acesso, apresenta três versões do ocorrido. O primeiro relato feito pelo policial que atendeu a ocorrência indica que a mulher havia tentado matar o marido e, em seguida, tirado a própria vida no interior do apartamento.
Já Leonardo, que estava ferido no abdome, contou inicialmente aos policiais que "Érica o atacou com a faca, atingindo-o no abdome, e cometeu suicídio". Mas logo em seguida, segundo a PM, o corintiano mudou a versão.
"[Após ser atingido] Ele [Leonardo] conseguiu tomar-lhe a faca e desferir vários golpes que causaram a morte dela, entendendo [ele] que acabou se excedendo", informou a polícia. "O motivo de tudo foi [sic] desavenças devido a cada um ser torcedor de um time de futebol diferente, observando a final da Taça Libertadores da América: ela palmeirense, ele corintiano", descreve o B.O.
Imediatamente, os policiais deram voz de prisão e o conduziram ao Hospital do Mandaqui, na Zona Norte da capital paulista.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, o caso foi registrado em flagrante como homicídio qualificado pelo 33º DP (Pirituba), que comanda as investigações. O suspeito, que trabalha como vendedor, está preso preventivamente. Ele foi submetido a uma cirurgia ainda na madrugada de domingo, razão pela qual, segundo o B.O, ainda não havia sido interrogado.
O apartamento passou por perícia e a faca foi recolhida. A recepção do Hospital do Mandaqui informou que não presta informações sobre estado de saúde de seus pacientes por telefone, apenas no local — Leonardo segue internado, sob custódia da PM.
Família diz nunca ter presenciado briga
Rene Luiz Fernandes, tio de Érica, disse que a família dela "nunca presenciou qualquer briga, agressão entre eles, nem soube de relatos de brigas". "Todos estamos espantados com o que aconteceu e surpresos, pois jamais imaginaríamos que algo tão grave como isso pudesse acontecer", disse Rene.
"Os dois, já casados há nove anos, tinham um bom relacionamento com as duas famílias. O sentimento é de surpresa e revolta. E queremos que a justiça seja feita." Érica foi sepultada na segunda-feira.
Os filhos dela foram ao local do velório, mas segundo Rene, ficaram na parte externa de onde estava o corpo. O tio conta que os garotos estão aos cuidados da avó materna: "A mãe da Érica vai buscar orientação com uma psicóloga infantil, para auxiliar neste processo de contar aos gêmeos sobre a morte da mãe."