Osso é vendido, não dado: cartaz chama atenção em mercado de Florianópolis
Carne é um dos produtos que mais pesa no orçamento das famílias e é o mais caro da cesta básica da capital catarinense
Por: Alisson Júnior
06 de outubro de 2021
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A alta no preço da carne bovina mudou o comportamento de consumidores e comerciantes. Em Florianópolis, o osso do animal é comercializado a R$ 4 o quilo, alternativa encontrada por pequenos comerciantes para driblar a baixa procura pelo alimento.  

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica na capital foi a segunda mais cara no país em agosto. O custo chegou a R$ 659. Na lista de produtos que a compõe, a carne é o mais caro, com aumento de 30,5% nos últimos 12 meses.

A carne representa cerca de R$ 283, ou 43% do custo total da cesta básica, que é elaborada com seis quilos de carne, média prevista para surprir as necessidades calóricas de um adulto de acordo com o órgão.  

Queda no consumo

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2020, cada brasileiro consumiu em média 26,4 quilos de carne, o que representa uma queda de quase 14% em relação a 2019. Este foi o menor nível de consumo da proteína desde 1996.  

A reportagem do G1 SC conversou com o dono do mercado e açougue que vende o osso a R$ 4 na capital. Ari dos Santos contou que a procura pelo produto diminuiu 50% nos últimos meses. "Desde a pandemia, caiu muito o movimento. As pessoas não estão mais comprando a carne aqui", contou.

A venda do osso de boi foi a alternativa para manter a venda de carnes. De acordo com ele, a procura pelo item começou a aumentar há cerca de um ano. Apesar do anúncio da venda, o comerciante disse à reportagem que doa o produto quando uma pessoa necessitada pede doação.

Causas do aumento

Na análise do coordenador do Índice de Custo de Vida (ICV) da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), Hercílio Fernandes Neto, há dois fatores que justificam o aumento no preço da carne: a alta no valor dos insumos de produção pecuária e a desvalorização do real.

O aumento na exportação de grãos contribuiu para a diminuição da oferta do produto no mercado interno, o que aumentou o custo de produção pecuária. "O preço dos insumos para a criação do gado, do suíno, também aumentou. As mercadorias aumentaram o valor de exportação. Também, a soja subiu muito no mercado internacional. Isso fez com que suba no externo e no interno", explicou.

Fonte: NSC Total
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