A queda de um avião bimotor no oeste de Pokhara, no Nepal, deixou pelo menos 68 mortos neste domingo (15), segundo a autoridade de aviação civil do país. O voo tinha 72 pessoas a bordo e havia decolado de Katmandu, capital do país.
Um porta-voz das forças armadas do país informou que 44 corpos já foram retirados do local do acidente.
Segundo o banco de dados da Aviation Safety Network, este é o acidente com mais mortos dos últimos 30 anos no Nepal desde que, em 1992, um Airbus A300 da Pakistan International Airlines caiu em uma encosta ao se aproximar de Katmandu, matando 167 pessoas.
A aeronave que caiu neste domingo (15), uma ATR 72, era operada pela empresa de voos domésticos Yeti Airlines. Um representante da companhia aérea informou que dentre os ocupantes estão duas crianças, quatro tripulantes e 15 estrangeiros.
O avião levava, além de 57 nepaleses, incluindo duas crianças, cinco indianos, quatro russos, um irlandês, dois sul-coreanos, um australiano, um francês e um argentino, segundo autoridades do aeroporto de onde decolou a aeronave. Quatro tripulantes também estavam no voo.
Um porta-voz do aeroporto do Nepal disse que as buscas foram paralisadas neste domingo por causa da chegada da noite e pouca iluminação. Os trabalhos para encontrar os quatro passageiros ainda desaparecidos serão retomados nesta segunda (16).
A viagem para Pokhara, a segunda maior cidade do Nepal escondida sob a pitoresca cordilheira Annapurna, da capital Kathmandu é uma das rotas turísticas mais populares do país do Himalaia, com muitos preferindo um voo curto em vez de uma viagem de seis horas estradas montanhosas.
O tempo estava claro no domingo, disse Jagannath Niroula, porta-voz da Autoridade de Aviação Civil do Nepal.
De acordo com informações do aeroporto de Seti Gorge, o avião fez contato às 10h50 (05h05 GMT) e caiu na sequência.
"Metade do avião está na encosta", disse Arun Tamu, morador local, que disse à Reuters que chegou ao local minutos depois que o avião caiu. "A outra metade caiu no desfiladeiro do rio Seti."
O primeiro-ministro do Nepal, Pushpa Kamal Dahal, convocou uma reunião de gabinete de emergência após a queda do avião, disse um comunicado do governo.
Após o acidente, a Yeti Airlines diz ter cancelado todos os voos regulares marcados para 16 de janeiro.
Desastres aéreos no país
Acidentes aéreos não são incomuns no Nepal, país que possui oito das 14 montanhas mais altas do mundo, incluindo o Everest. O país também sofre com mudanças repentinas que afetam a meteorologia.
Pelo menos 309 pessoas morreram desde 2000 em acidentes de avião ou helicóptero no Nepal - lar de oito das 14 montanhas mais altas do mundo, incluindo o Everest - onde mudanças repentinas no clima podem criar condições perigosas.
A União Europeia baniu as companhias aéreas do Nepal de seu espaço aéreo desde 2013, citando preocupações de segurança.
Em março de 2018, a queda de um avião, também em Katmandu, matou 51 pessoas.
Modelo do avião
O ATR72 da fabricante de aviões europeia ATR é um avião turboélice bimotor amplamente utilizado, fabricado por uma joint venture da Airbus e da italiana Leonardo. A Yeti Airlines possui uma frota de seis aviões ATR72-500, de acordo com seu site.
“Os especialistas da ATR estão totalmente empenhados em apoiar tanto a investigação quanto o cliente”, disse a empresa no Twitter, acrescentando que seus primeiros pensamentos foram para os afetados, após terem sido informados do acidente.
As empresas Airbus e a Leonardo não responderam, até o momento, aos pedidos de comentários.
De acordo com o site de rastreamento de voos FlightRadar24 disse no Twitter que a aeronave da Yeti Airlines tinha 15 anos e estava equipada com um transponder antigo com dados não confiáveis.
Em seu site, a Yeti se descreve como uma operadora doméstica líder. A empresa também é dona da Tara Air, e as duas juntas oferecem a "rede mais ampla" do Nepal , diz a empresa.
"Estamos baixando dados de alta resolução e verificando a qualidade dos dados", afirmou.