A crise causada pela inflação e juros altos desde 2021, que afeta a maioria dos consumidores e as vendas a prazo, exigiu uma decisão de maior impacto da rede catarinense Schumann, que atua com móveis, eletrodomésticos e outros itens. A empresa decidiu fechar 29 unidades no Estado durante este mês de julho, conforme nota divulgada pelo fundador e presidente do grupo, André Leonardo Schumann.
- Até o fim deste mês de junho, a Schumann encerrará as atividades de 29 lojas em sua área de atuação. Essa indesejável decisão foi tomada em face do cenário econômico em que se encontra o país, resultante da perda do poder de compra dos consumidores, do crédito mais caro e do endividamento das famílias. A associação desses fatores impactou negativamente o consumo de bens duráveis e ampliou de maneira preocupante a inadimplência geral, não só no varejo, mas em todas as áreas da economia – diz a nota da empresa.
A rede Schumann não informou quais lojas serão fechadas, nem quantos colaboradores serão desligados. Faz um agradecimento ao apoio dos colaboradores que foram essenciais ao crescimento da empresa nesses 26 anos de trajetória e informa que está trabalhando para realocar, conforme as possibilidades, os recursos humanos nas filiais que continuarão operando, para minimizar os custos sociais da reestruturação anunciada.
A empresa encerra a nota dizendo que segue acreditando no empreendedorismo e está convicta de que em breve haverá superação do atual quadro da macroeconomia brasileira.
Fundada em Seara em 1997, a Schumam transferiu a sede para Chapecó e chegou a cerca de 80 lojas em 2020, em Santa Catarina, abrindo também um e-commerce com atuação nacional.
Além disso, investiu em outros negócios. Em maio de 2019, adquiriu a rede varejista gaúcha Multisom, especializada na venda de aparelhos de som e eletrônicos, com destaque para celulares, e atuação na Região Sul. Juntas, as duas redes somaram 153 lojas em mais de 100 cidades na Região Sul, com a geração de 1,6 mil empregos diretos.
O grupo também investiu no segmento de geração solar com a empresa Nexen Energias Renováveis, para a instalação de pequenas usinas solares. Tem também a Log Transportes, a Greenforest de processamento de madeiras e outros negócios.
As dificuldades que afetam a Schumann são semelhantes às que atingem boa parte das grandes redes de departamento do Brasil, que desde a pandemia estão fazendo esforço para vender muito, com margem baixa. Como o consumidor de baixa renda foi duramente afetado pela inflação e pelos juros, não está mais podendo pagar as contas a prazo.
Em Santa Catarina o problema é menor porque o Estado vive pleno emprego. Mesmo assim, quem está trabalhando não está tendo salário suficiente para arcar com todo esse custo alto vindo da inflação resultante da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Pesquisa sobre inadimplência da Fecomércio SC, divulgada pela Serasa, apurou que SC encerrou o primeiro trimestre de 2023 com 2,12 milhões de inadimplentes, o que representava 36,7% da população adulta. O percentual foi um pouco maior que o do ano anterior.
Essa crise do consumidor brasileiro está longa. Começou com a alta inflacionária no final de 2020, o primeiro ano da pandemia. Por isso vem causando estragos em boa parte da economia, em especial nas empresas que dependem de vendas a prazo. É um cenário que vai continuar no segundo semestre deste ano porque a taxa básica de juros Selic, que está em 13,75% ao ano, deverá ser reduzida para apenas para 12,5%, nas projeções do mercado.