A Operação Maserati II, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) em fevereiro de 2023, resultou na condenação de mais 81 réus pelo crime de organização criminosa. Alguns também foram condenados por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. As penas variam de cinco a 35 anos de reclusão. As sentenças foram publicadas na última quinta-feira (29/2).
De acordo com as denúncias, os réus integram uma organização criminosa com clara divisão de tarefas e são responsáveis por inúmeros crimes. Com mais essas condenações, a segunda fase da Operação Maserati resultou em 108 réus sentenciados.
Relembre a Operação Maserati
A operação foi batizada de "Maserati" em alusão ao nome escolhido pela facção para identificar o Estado de Santa Catarina. A facção criminosa dava nomes de carros aos estados.
Em todas as fases, a Operação Maserati teve como objetivo combater uma organização criminosa voltada à prática de tráfico de drogas, crimes patrimoniais e lavagem de dinheiro e que busca ampliar a atuação em Santa Catarina.
A investigação conduzida pelo GAECO, já na primeira fase, revelou que a intenção da facção era tomar as cidades menores até chegar ao litoral para, assim, "dominar" o estado. Os focos iniciais de expansão do grupo seriam São Miguel do Oeste, Chapecó e Dionísio Cerqueira, pela proximidade com o Paraguai e a Argentina, bem como Joinville, por conta da proximidade com os portos de Santa Catarina, com o estado do Paraná e com a capital, Florianópolis.
Segundo a investigação, para gerir toda essa atividade criminosa, foram criados cargos e funções, como em uma empresa. Foram identificados cargos específicos para o cadastro de potenciais faccionados, para gerir a venda de drogas e para tratar de assuntos que envolviam todo o sistema prisional, por exemplo.
No decorrer da investigação foram identificados e presos faccionados em diversas cidades brasileiras, mas que atuavam em Santa Catarina.
AS FASES DA OPERAÇÃO MASERATI
Fase 1: Na primeira fase, deflagrada em 25 de fevereiro de 2021, foram cumpridas 279 ordens judiciais, sendo 136 prisões e 143 buscas e apreensões, distribuídas por 45 cidades e seis estados. Também houve a prisão em flagrante de seis pessoas.
A investigação, iniciada em 2020, revelou conexões em atividades criminosas, pela facção, levando à apreensão de uma grande quantidade de drogas. Também foi possível, a partir da deflagração, identificar a autoria de diversos homicídios, roubos e sequestros, consubstanciando materiais probatórios relevantes às atividades investigativas da Polícia Civil catarinense. Além disso, as ações penais ajuizadas em decorrência dos resultados obtidos com a primeira fase resultaram em 143 condenações; dos denunciados, 75 foram condenados a penas superiores a 20 anos de prisão, e a pena máxima aplicada a um dos investigados foi de 86 anos.
Fase 2: Deflagrada em 9 de fevereiro de 2023. Foram cumpridos 164 mandados judiciais, 71 de prisão e 93 de busca e apreensão. Cinco pessoas foram presas em flagrante. A segunda fase também teve como alvos faccionados atuantes não só em Santa Catarina, estendendo sua abrangência a 10 estados da Federação. Essa fase resultou no ajuizamento de diversas ações penais e na condenação de 108 réus.
Fase 3: Deflagrada no dia 10 de agosto de 2023. Nesta fase, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão e 36 mandados de prisão. Os alvos eram faccionados que tinham atuação em Santa Catarina. Uma pessoa foi presa em flagrante e foram apreendidas drogas, equipamentos eletrônicos e documentos. As ações penais resultantes estão em fase de instrução processual.
Fase 4: Deflagrada em 1º de fevereiro de 2024. Foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, que resultaram em uma prisão em flagrante e na apreensão de três armas de fogo, nove munições, 20 celulares, dois computadores, mais de R$ 2 mil em espécie, porções de maconha e cocaína, documentos e um radiocomunicador.
Resultados
Até o momento, a Operação Maserati gerou 251 condenações. Dos réus, 78 foram condenados a penas superiores a 20 anos de prisão; a pena máxima aplicada a um único réu foi de 86 anos, e as penas somadas ultrapassam 4.470 anos. Além da prisão, os réus foram condenados ao pagamento de multas que somam mais de R$ 4,8 milhões.