Cirurgia 'fake', cicatrizes, prejuízo de até R$ 13 mil: médica é acusada por 22 pacientes por golpe com falsos diagnósticos de câncer
Caso indiciada, ela poderá responder pelos crimes de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular.
Por: Alisson Júnior
19 de março de 2024
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A Polícia Civil do Paraná investiga 22 queixas feitas contra a médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, que atua na cidade de Pato Branco e é acusada por pacientes de aplicar golpes informando falsos diagnósticos de câncer de pele, na intenção de lucrar com a realização de procedimentos cirúrgicos sem efeito. Só uma das vítimas, contam os investigadores, teria sido lesada em cerca de R$ 13 mil — além do trauma e das cicatrizes. Caso indiciada, ela poderá responder pelos crimes de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular.

A polícia recebeu uma série de denúncias dos pacientes que haviam descoberto, só depois de toda a exposição física e psicológica sofrida, que os diagnósticos de câncer entregues por Biscaia seriam falsos. Com a repercussão do caso, o número de supostas vítimas só aumentou: pessoas que dizem ter perdido de R$ 5 mil a R$ 13 mil em procedimentos falsos. Os investigadores cumpriram mandado de busca e apreensão no consultório da médica e foram recolhidos computadores, celulares e documentos, que passam por perícia.

Os pacientes relatam que, desesperados, perguntavam à médica se os altos valores cobrados poderiam ser pagos via plano de saúde, mas ela negava. Além disso, pressionava para que o valor fosse pago, em dinheiro ou cartão, imediatamente, ali mesmo no consultório. Quem hesitava em aceitar a cirurgia, lidava com a insistência da profissional, segundo eles. A própria Carolina realizava as cirurgias. O advogado André Luiz Rodrigues Hamera, que representa esses pacientes, revela sobre o que essas vítimas relatam.

O advogado conta que as vítimas começaram a desconfiar quando pediram os exames à médica, que apontavam o suposto câncer, e ela retornava via WhatsApp com um documento cheio de erros. Quando foram ao laboratório informado no papel confrontar as informações, descobriram que a empresa também era vítima do suposto esquema.

Procurado, o advogado de Carolina Biscaia, Valmor Antonio Weissheimer, afirmou em nota que “não existe qualquer acusação formal contra sua cliente” e que nessa fase de investigações a defesa “aguarda a perícia técnica ser juntada aos autos de inquérito, para análise”.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná informou que instaurou um procedimento sindicante, que corre sob sigilo, “para apurar possível desvio ético cometido pela referida médica”. Questionado, o CRM-PR informou ainda que Carolina Biscaia está regularmente inscrita, mas não possui registro de especialidade neste Conselho.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia no Paraná reforçou o que disse o CRM-PR e acrescentou ainda que “a médica já havia sido denunciada e julgada anteriormente por anunciar indevidamente a especialidade”.

Carolina Biscaia Carminatti pertence a uma família de médicos muito conhecida na cidade de Pato Branco. Já protagonizou, inclusive, entrevistas e capa de revista na imprensa local. Segundo a polícia, não há indícios de que outras pessoas estejam envolvidas no esquema supostamente tocado pela médica.

Fonte: R7
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