Um dos destaques da abertura do 19º Congresso Catarinense de Rádio e Televisão, que iniciou neste domingo e encerra nesta segunda-feira, foi a outorga da “Comenda ACAERT”, a maior honraria da radiodifusão catarinense, que contou com a presença do governador do Estado, Jorginho Mello, além de diversas autoridades. Nesta edição, foram reconhecidos os trabalhos de três profissionais do segmento: Nereu Lopes de Lima, Gervásio Maciel e Evaldo Stopassoli (in memoriam).
Conheça um pouco a trajetória de cada um dos agraciados com a Comenda Acaert:
GERVÁSIO JOSÉ MACIEL:
Catarinense de Palhoça. É uma figura multifacetada e de notável trajetória, cuja vida é marcada por uma dedicação incansável em diversos campos profissionais e na esfera pública.
Com uma ampla gama de habilidades e atuações, ele se tornou uma peça fundamental no cenário político, na comunicação e na defesa dos princípios democráticos em Santa Catarina. Como político, foi deputado estadual em dois mandatos. É prefeito de Ituporanga pela segunda vez. Também foi vice-prefeito. Presidiu a Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí – Amavi e a Fecam.
Como radiodifusor, criou a rádio Sintonia, além de fundar o jornal a região. Por meio desses empreendimentos, ele não apenas se estabeleceu como um renomado empresário na radiodifusão, mas também se tornou um influente comentarista político, trazendo à tona discussões relevantes para a sociedade.
NEREU LOPES DE LIMA:
Nasceu em 03/01/1946 em São José do Ouro (RS). Aos dois anos de idade ele foi infectado com o vírus da poliomielite e sofreu “Paralisia infantil”, que o deixou com sequelas nos membros inferiores para o resto da vida.
Entretanto, desde criança a paralisia não foi um impeditivo para uma vida praticamente normal. Ele amava jogar futebol e, por conta das restrições, era o goleiro dos times. Nunca houve limites no que planejava, a não ser o próprio problema. Sempre desafiava tudo e todos.
Em busca de resultados melhores que os da agricultura na região norte do Rio Grande do Sul, a família mudou-se para Xaxim (SC), onde iniciou a vida na cidade recolhendo tijolos em escala constante em uma olaria. Retornava para casa exausto para ir para a escola. Não aguentou muito tempo nesta tarefa e passou a vender lenha, galinhas e tudo mais que rendesse algum valor.
Como era estudioso, sempre se destacava nas atividades e foi por conta disso que teve seu primeiro contato com o rádio.
Em determinada ocasião sua turma foi até a emissora local, Rádio Cultura, de Xaxim, para apresentar um trabalho escolar ao vivo. O diretor percebeu seu bom timbre de voz e o convidou para fazer um teste. Seus olhos brilharam e ali começava uma trajetória no rádio que já duram aproximadamente 61 anos.
Recebeu muitos nãos em emissoras do Oeste catarinense até que chegou na Rádio Colmeia, de São Miguel do Oeste, hoje Rádio Peperi. O proprietário Hélio Vassum, empreendedor e visionário percebeu o potencial daquele jovem, e o convidou para assumir imediatamente o trabalho.
Em 1980, Nereu recebeu a proposta de trabalhar na recém-inaugurada Rádio Integração, em São José do Cedro. A rádio enfrentava sérios problemas financeiros (fato que foi omitido na contratação). Passou um período desafiador, mas não tinha outra alternativa. Sua função era a de tirar a empresa do vermelho, quando chegou a ficar alguns meses sem salários. Foram-se todas as economias que o casal tinha para a sobrevivência da família antes que finalmente houvesse um retorno.
Em 2005 realizou o grande sonho. Abria a sua própria empresa. Nascia a Rádio Tropical FM, de Treze Tílias (SC). Muitos desafios, cultura e costumes diferentes no “Tirol Brasileiro”. Porém, seu instinto empreendedor logo conquistou a todos.
Em Treze Tílias também realizou grandes feiras de exposição comercial e agrícola, como a Expo Tílias.
Na ACAERT, sempre defendeu o associativismo. Foi uma das vozes fundamentais para a reunificação das entidades de rádio e televisão catarinenses, a antiga ASBERI com a ACAERT. Foi diretor distrital e hoje faz parte da diretoria como Conselheiro da ACAERT.
Como locutor, não larga a latinha de jeito nenhum. Tem seu Editorial diário, além de um programa de músicas gauchescas aos domingos, sempre ao vivo, onde interage com os ouvintes e tem uma gama de fãs.
EVALDO STOPASSOLI (in memoriam)
Nascido em 21 de maio de 1946 em Lauro Muller (SC). Foi casado 43 anos com a Sra. Zenóbia de Pellegrin Stopassoli. Dessa união nasceram 2 filhos, Eduardo e Ricardo.
Evaldo Stopassoli iniciou sua vida profissional muito jovem, com 12 anos era office boy no Hotel Morro dos Conventos em Araranguá, empreendimento da família Freitas, proprietária do Grupo Cecrisa.
Desde então, Evaldo foi galgando promoções dentro do conglomerado, alcançando a Direção Comercial do Grupo com sede em Criciúma que envolvia os ramos de hotelaria, cerâmica, fazendas com criação de gado e cultivo de grãos, empresas de comunicação, mineração, tecnologia entre outros.
Participou da implantação e gestão de mais de 10 emissoras de rádio e de pelo menos quatro canais de televisão que integravam a RCE – Rede de Comunicações Eldorado.
Além da grande capacidade de gestão, notabilizou-se pelo poder de articulação e diálogo nos meios político e empresarial. Esteve presente em boa parte das conquistas obtidas nos diversos governos para com a região Sul, porém fazia questão de manter-se no anonimato.
Discreto, raciocínio rápido, cumpridor de suas obrigações, tornou-se pelo exemplo um referencial da radiodifusão catarinense, sendo admirado por colaboradores e amigos.
Evaldo Stopassoli sempre foi uma pessoa requisitada pelo conhecimento e experiência em gestão e conciliação. “Vamos pegar a opinião do Evaldo…” essa era a tônica quando alguma dúvida pairava no ar nos mais diversos segmentos sociais.
Nos anos 90, após sua aposentadoria do grupo Cecrisa, adquiriu as rádios Araranguá AM e FM, (hoje Rádio Araranguá FM e 92 FM Criciúma) dedicando-se ao setor até seus últimos dias. Também em Criciúma, Araranguá e região implantou diversos empreendimentos imobiliários. Trabalhou intensamente até fevereiro de 2020.